A educação é uma das principais bandeiras defendidas por aspirantes ao
poder. Promessas de revolução, avanço, transformação e uma série de outros
vocábulos retóricos capazes de seduzir o eleitor esperançoso, é o plano de
fundo de uma campanha em um município carente como Penalva. O governo atual
aderiu à "revolução educacional" em suas promessas em palanques,
todavia, esta está longe de ser um trufo para a atual gestão.
Não precisa ser um especialista para verificar a deficiência técnica no
quadro educacional penalvense. Ela existe e o reflexo seu pode ser verificado
no resultado do último IDEB: caímos de 4.0 em 2011 para 3.5 em 2013. foi uma
queda acentuada, visto que o estabelecido para o ano 2013 era de 4.2. E nem
adianta vir com a desculpa de Adão e Eva, aquela de botar a culpa em um e
outro, visto que esta queda interrompe um ciclo de crescimento que vinha desde
2007, na gestão do emblemático Nauro Muniz.
Se a educação é um dos setores mais importantes para o desenvolvimento,
então Penalva estará condenada ao retrocesso caso este percentual permaneça nos
assombrando.
Onde está a culpa pela queda no IDEB? Bom, pode-se usar o velho discurso
de que o professor é mal remunerado, todavia, o sindicato reclamou para si a
conquista de o salário do professor de Penalva ser um dos maiores da
região, Zeca Gama, todavia, usava isso como uma das maiores conquistas de sua
gestão. A gestão atual lembrou que o professor penalvense já ganhava muito bem
e seria inviável o aumento que queriam, aqueles 6,32, lembram?
O fator mais convincente estaria no modo de como a gestão contrata os
professores (no modo e não nos contratados); boa parte destes atende a
critérios políticos e não técnicos, assim, a indicação política fala mais alto
do que o aspecto competência. É bem verdade que há muitos contratados bons, que
defendem seus empregos e conduzem com eficiência o seu trabalho, outros tantos
hão de aprender na prática a arte da docência, ingressarão no magistério ou
faculdade para se aprimorarem, porém no exercício da profissão, enquanto ideal
seria o caminho inverso.
Eles (os contratados) não têm culpa, são jovens sonhando com a
independência financeira, pais e mães de família que jamais diriam não à
oportunidade de darem aos filhos o pão de cada dia.
Outros fatores são o salário destes e as condições oferecidas para o
desempenho da função: um salário mínimo para exercer a maior e mais honrosa das
profissões, com desconto do INSS, diga-se de passagem, pagando ainda boa parte
do seu salário para se deslocar até o local de trabalho.
Parece não haver um compromisso com o filho do lavrador que sonha não
vê-lo se enveredar na vida semelhante à sua, parece está havendo um genocídio
em massa, ao matar os sonhos de inúmeras crianças que sonham um dia serem médicas,
advogados, professores...
E nós, cidadãos, como estamos reagindo a isso tudo? inertes?
encontraremos culpados e não apontaremos a solução. Esta é muito simples: educa
quem é capaz e não capataz; a educação não pode ser usada como barganha
política, são vidas, sonhos e esperanças que estão em jogo. É o futuro que está
nas mãos dos professores e de quem os conduz.
Nós nos traumatizamos com a derrota para Alemanha na copa, mas não nos
traumatizamos no dia 03 de dezembro de 2013, quando foi divulgada a
classificação do Brasil na educação entre 65 países e ficamos em 58° lugar.
Ficamos frustados com a Seleção na derrota do terceiro lugar para a Holanda e
não dissemos nada quando em 01 de março de 2011, a UNESCO divulgou a
classificação da educação para 128 países e ficamos em 88°, um dos piores
resultados incluindo os países mais pobres do mundo.
Um dos raros exemplos vem da Câmara de Vereadores. O vereador Mesaque
Veloso repudiou formalmente a Gestão Municipal pela queda na educação.
Soframos pela não conquista do futebol brasileiro; mas também soframos
porque não estamos fazendo uma Penalva melhor e estamos regredindo na educação.
Soframos pela Petrobras, pelo IDEB. Soframos, sim, mas sem jamais perder a
capacidade de se indignar com as mazelas sociais que nos assolam nem a vontade
de fazer de Penalva um lugar melhor.
por: Nilsomar Morais