A
violência contra a mulher atravessou os séculos e manchou de vergonha a alma
humana. O próprio Adão tentou
incriminá-la perante Deus, acusando-a de lhe dar o fruto proibido, dando as
primeiras amostras de como poderiam ser tratadas as Evas do porvir.
Da
ideia arcaica de ser inferior, restrita às funções exclusivamente reprodutoras
e prisioneira do próprio lar, às restrições machistas que o homem da atualidade
ainda lhe impõe, a mulher sofreu com a subserviência ideológica que lhe fora
imposta.
As
conquistas são frutos do potencial feminino, fazendo saber a todos o tamanho da
sua capacidade e ousadia. A mulher ainda sofre, e muito, com a violência, e a continuação
de tal assombro é a lei, muitas vezes, branda associada ao medo por parte de
muitas mulheres em denunciar o agressor; os números da violência são bem mais
do que retórica matemática a escancarar uma triste realidade estampada na face
da sociedade brasileira, números que não refletem na íntegra, em virtude dos inúmeros
casos que não vêm à tona, impedidos pela ameaça, desencadeando uma nova violência.
As
denúncias têm ajudado a colocar agressores na cadeia, mas a violência doméstica
continua em alta, e a persistência dela é um contraste à fama de país
pacifista. Paralelo ao grito de liberdade da autônoma, há as lágrimas
silenciosas da mulher brasileira oprimida, em choro tão piedoso e dolorido,
quanto um tapa estridente desferido violentamente no rosto da “mulher-pátria”
que nos pariu.