Por: Nilsomar Morais*
As mudanças
conceituais e comportamentais assustam cada vez mais cedo as pessoas. Vivendo
em uma era digital em que tudo corre e ocorre na velocidade da luz, não nos
causa espanto tabus serem quebrados, casamentos instantâneos, presos virando
evangélicos, evangélicos sendo presos; virgindades colocadas em leilão e uma
série de fatos que seriam assombrosos décadas atrás; incogitáveis ante o padrão
tradicionalista de uma sociedade fechada às ideias liberais; preservadora da
“moral e dos bons costumes”.
Se, para Nietzsche,
Deus (valores morais) está morto, para a sociedade atual ele está, no mínimo,
ultrapassado; sendo substituído por outro deus a cada novo clicar do mouse,
ligar da TV e outras tarefas simples cuja execução nos transporta para uma nova
sociedade em constante mudança. Na língua, palavras caem em desuso (poer- forma
ultrapassada do verbo por-), conceitos mudam de sentidos (idiota- individuo que
não se interessava por política) e assim, somos forçados a aderir ao “novo”
como uma forma de ratificar nossa modernidade.
Nessas mudanças, a
política ganhou contornos inimagináveis a qualquer idiota (no sentido antigo)
grego do século V a.c. Nossos representantes atribuíram novos traços
ao verbo roubar (subtração de bens alheios indevidamente). Se em uma época
moralista roubar ou furtar seria uma prática que tornaria indigna qualquer um
que a cometesse (NÃO FURTARÁS), hoje ela tem um peso quase irrelevante,
deixando para outras a indignidade; “ele rouba, mas faz”. O não fazer
tornou-se mais desprezível que o roubar, e aceitamos passivamente tudo isso
como que submetidos a uma lavagem cerebral.
Roubar é moda no meio
político, raramente vai pra cadeia alguém que o faz. Quando vai, é tratado com
regalias: horário de visitas flexível, equipe médica à disposição, propostas de
emprego etc. Eles são Super-homens; roubaram ou desviaram muito dinheiro;
mataram inúmeras crianças por falta de hospital. Suas práticas impediram que
outras tantas não frequentassem escolas nem tivessem o direito de sonhar. São
Semideuses que a antropolatria humana o fez, possuem selas especiais (Complexo
da papuda).
Diferentes daqueles
miseráveis sub-humanos amontoados em penitenciárias abarrotadas de gente
(Pedrinhas), onde cabeças literalmente rolam. Eles são “inferiores”; muitos dos
que lá estão furtaram uma galinha; traficavam drogas; perturbaram a ordem
pública. São “indignos” de viver na sociedade onde é proibido roubar pra uns e
privilégio para outros.
A ética dos nossos
avós jamais aceitaria isso. “quem mente rouba, quem rouba faz coisas ainda
piores”, mas hoje está tão comum roubar na politica que só nos assustamos com
as ruas que não foram asfaltadas, com o hospital que não foi construído, com a
escola bem estruturada que foi promessa de campanha, com os empregos que não
vieram etc.
* Nilsomar Morais é formado em Comunicação Educativa e Graduando em História pela FACITEL, escreve esporadicamente para o Alva Pena.