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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O VERBO ROUBAR NA POLÍTICA E A TRANSFORMAÇÃO DA ÉTICA NA SOCIEDADE.

                                            Por: Nilsomar Morais*

As mudanças conceituais e comportamentais assustam cada vez mais cedo as pessoas. Vivendo em uma era digital em que tudo corre e ocorre na velocidade da luz, não nos causa espanto tabus serem quebrados, casamentos instantâneos, presos virando evangélicos, evangélicos sendo presos; virgindades colocadas em leilão e uma série de fatos que seriam assombrosos décadas atrás; incogitáveis ante o padrão tradicionalista de uma sociedade fechada às ideias liberais; preservadora da “moral e dos bons costumes”.

Se, para Nietzsche, Deus (valores morais) está morto, para a sociedade atual ele está, no mínimo, ultrapassado; sendo substituído por outro deus a cada novo clicar do mouse, ligar da TV e outras tarefas simples cuja execução nos transporta para uma nova sociedade em constante mudança. Na língua, palavras caem em desuso (poer- forma ultrapassada do verbo por-), conceitos mudam de sentidos (idiota- individuo que não se interessava por política) e assim, somos forçados a aderir ao “novo” como uma forma de ratificar nossa modernidade.

Nessas mudanças, a política ganhou contornos inimagináveis a qualquer idiota (no sentido antigo) grego do século V a.c. Nossos representantes atribuíram novos traços ao verbo roubar (subtração de bens alheios indevidamente). Se em uma época moralista roubar ou furtar seria uma prática que tornaria indigna qualquer um que a cometesse (NÃO FURTARÁS), hoje ela tem um peso quase irrelevante, deixando para outras a indignidade; “ele rouba, mas faz”.  O não fazer tornou-se mais desprezível que o roubar, e aceitamos passivamente tudo isso como que submetidos a uma lavagem cerebral.

Roubar é moda no meio político, raramente vai pra cadeia alguém que o faz. Quando vai, é tratado com regalias: horário de visitas flexível, equipe médica à disposição, propostas de emprego etc. Eles são Super-homens; roubaram ou desviaram muito dinheiro; mataram inúmeras crianças por falta de hospital. Suas práticas impediram que outras tantas não frequentassem escolas nem tivessem o direito de sonhar. São Semideuses que a antropolatria humana o fez, possuem selas especiais (Complexo da papuda).

Diferentes daqueles miseráveis sub-humanos amontoados em penitenciárias abarrotadas de gente (Pedrinhas), onde cabeças literalmente rolam. Eles são “inferiores”; muitos dos que lá estão furtaram uma galinha; traficavam drogas; perturbaram a ordem pública. São “indignos” de viver na sociedade onde é proibido roubar pra uns e privilégio para outros.

A ética dos nossos avós jamais aceitaria isso. “quem mente rouba, quem rouba faz coisas ainda piores”, mas hoje está tão comum roubar na politica que só nos assustamos com as ruas que não foram asfaltadas, com o hospital que não foi construído, com a escola bem estruturada que foi promessa de campanha, com os empregos que não vieram etc. 

Ah! Se eles soubessem que tudo isso não veio justamente por causa de pequenos “desvios”, dos superfaturamentos e de irrisórios favores a correligionários; quem sabe assim a nossa ética retornaria com os mesmos valores de antes e nos causasse repugnância quem se apropriasse da coisa pública. Finalmente libertar-nos-íamos das garras de um assistencialismo politico que oprime o ignorante e tantos outros que não dançam a mesma música tocada pela banda podre da nossa, ainda velha, política. 




Nilsomar Morais é formado em Comunicação Educativa e Graduando em História pela FACITEL, escreve esporadicamente para o Alva Pena.

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