A cultura é o suporte
de maior relevância na identidade de um povo, seus aspectos peculiares
favorecerão na criação de um conjunto de singularidades a diferenciar um povo
de outro. Das mais variadas formas que a cultura se apresenta, cabe destacar as
lendas – elemento crucial para enriquecimento histórico de qualquer segmento
social-.
As lendas não são verdades inquestionáveis,
todavia não constituem uma mentira em sua totalidade. Sua característica está
na oralidade como forma de ser repassada à posteridade, processo este que
permite a modificação e variação de uma mesma lenda, isto faz com que a mesma
se apresente com traços diferentes a cada novo tempo, é o ponto aumentado por
aquele que conta um conto. Essa mistura de real e imaginário transcende a idéia
de verdade e mentira, enquanto uma ocorre pela ausência da outra, a lenda é
concebida pela junção das duas. Portanto, nesse contexto, enquanto verdade é
aquilo que é provado e comprovado cientificamente, mentira - embora sendo uma
verdade que deixou de existir- ganha novos contornos merecedores de um modesto
crédito que a elevam ao status de LENDA.
Não há povo sem cultura
e, por conseguinte, sem lendas também. Viana, Cajari, Penalva... Todos buscam
no imaginário uma forma peculiar para explicar suas origens, mistérios e costumes.
As que enriquecem a cultura penalvense são dos mais variados tipos a se
apresentar nas mais diversas formas que juntam beleza com traços de poesia e
humor nostálgico repleto de admiração e espanto.
Dentre tais, A
MANGUEIRA QUE “CHORAVA” e despertava curiosidade e espanto de quase todos por causa de
um líquido que misteriosamente
escorria de suas folhas. Quase todos; isto porque o jovem Raimundo Matos em um
ato de audácia, desafiando os limites do imaginário, certa vez concentrou em um
copo uma quantia considerável do tal líquido para em seguida ingerir de uma só
vez.
Em uma cidade pequena
tal qual é Penalva, um boato facilmente toma proporções gigantescas,
principalmente quando diz respeito a muitos. Desta forma surgiu uma das mais
notáveis lendas penalvese: O FIM DE PENALVA. Seu protagonista (um mudo)
anunciava a destruição por meio de uma inundação que colocaria fim a todos
quanto permanecessem na pequena cidade.
Profecia que causou um grande alvoroço
influenciando diretamente em todo ciclo econômico: pessoas vendiam casas a
baixo preço e mudavam-se para o interior ou cidades próximas, muitos
abandonaram suas casas e desesperadamente buscaram abrigos longes dos ares
lacustres penalvenses, temerosos da eficácia de tal anúncio profético.
Pelo menos dois
episódios tornam essa lenda pitoresca, visto o não cumprimento do presságio: O
“MUDO” assim ficara depois de anunciar a destruição da cidade, este fenômeno
deu-lhe o crédito que provocou o alarde em todo o povo, uma vez que tal anúncio
custara-lhe a voz. O outro, não menos imérito e com um traço a mais de humor e
compaixão aconteceu nos arredores da cidade, certa senhora fugia da catástrofe
no lombo do seu animal de carga quando este a jogou no chão quebrando-lhe as
pernas. A alternativa encontrada foi ela retornar para Penalva e esperar em
casa a tal inundação, que varreria do mapa toda a cidade.
Acontecimentos dessa
natureza unem passado e presente em um ciclo que sofre mudanças (lendas),
todavia não caem no ostracismo (história). Trazê-las à tona é uma forma de
comprovar a sua contribuição no processo histórico e cultural e ainda uma
maneira de encontrar- se consigo mesmo mergulhando em um passado de dóceis
meias-mentiras mostrado sob a luz da verdade que sempre o acompanhou.
Nilsomar Morais
é formado em Comunicação Educativa
e graduando em
História pela Facitel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário