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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Lendas: uma contribuição histórico-cultural


A cultura é o suporte de maior relevância na identidade de um povo, seus aspectos peculiares favorecerão na criação de um conjunto de singularidades a diferenciar um povo de outro. Das mais variadas formas que a cultura se apresenta, cabe destacar as lendas – elemento crucial para enriquecimento histórico de qualquer segmento social-.
   As lendas não são verdades inquestionáveis, todavia não constituem uma mentira em sua totalidade. Sua característica está na oralidade como forma de ser repassada à posteridade, processo este que permite a modificação e variação de uma mesma lenda, isto faz com que a mesma se apresente com traços diferentes a cada novo tempo, é o ponto aumentado por aquele que conta um conto. Essa mistura de real e imaginário transcende a idéia de verdade e mentira, enquanto uma ocorre pela ausência da outra, a lenda é concebida pela junção das duas. Portanto, nesse contexto, enquanto verdade é aquilo que é provado e comprovado cientificamente, mentira - embora sendo uma verdade que deixou de existir- ganha novos contornos merecedores de um modesto crédito que a elevam ao status de LENDA.

Não há povo sem cultura e, por conseguinte, sem lendas também. Viana, Cajari, Penalva... Todos buscam no imaginário uma forma peculiar para explicar suas origens, mistérios e costumes. As que enriquecem a cultura penalvense são dos mais variados tipos a se apresentar nas mais diversas formas que juntam beleza com traços de poesia e humor nostálgico repleto de admiração e espanto.

Dentre tais, A MANGUEIRA QUE “CHORAVA” e despertava curiosidade e          espanto de quase todos por causa de um líquido que misteriosamente escorria de suas folhas. Quase todos; isto porque o jovem Raimundo Matos em um ato de audácia, desafiando os limites do imaginário, certa vez concentrou em um copo uma quantia considerável do tal líquido para em seguida ingerir de uma só vez. 
Em uma cidade pequena tal qual é Penalva, um boato facilmente toma proporções gigantescas, principalmente quando diz respeito a muitos. Desta forma surgiu uma das mais notáveis lendas penalvese: O FIM DE PENALVA. Seu protagonista (um mudo) anunciava a destruição por meio de uma inundação que colocaria fim a todos quanto permanecessem na pequena cidade. 

Profecia que causou um grande alvoroço influenciando diretamente em todo ciclo econômico: pessoas vendiam casas a baixo preço e mudavam-se para o interior ou cidades próximas, muitos abandonaram suas casas e desesperadamente buscaram abrigos longes dos ares lacustres penalvenses, temerosos da eficácia de tal anúncio profético.

Pelo menos dois episódios tornam essa lenda pitoresca, visto o não cumprimento do presságio: O “MUDO” assim ficara depois de anunciar a destruição da cidade, este fenômeno deu-lhe o crédito que provocou o alarde em todo o povo, uma vez que tal anúncio custara-lhe a voz. O outro, não menos imérito e com um traço a mais de humor e compaixão aconteceu nos arredores da cidade, certa senhora fugia da catástrofe no lombo do seu animal de carga quando este a jogou no chão quebrando-lhe as pernas. A alternativa encontrada foi ela retornar para Penalva e esperar em casa a tal inundação, que varreria do mapa toda a cidade.
Acontecimentos dessa natureza unem passado e presente em um ciclo que sofre mudanças (lendas), todavia não caem no ostracismo (história). Trazê-las à tona é uma forma de comprovar a sua contribuição no processo histórico e cultural e ainda uma maneira de encontrar- se consigo mesmo mergulhando em um passado de dóceis meias-mentiras mostrado sob a luz da verdade que sempre o acompanhou.
                                                            

  


Nilsomar Morais é formado em Comunicação Educativa 
e graduando em História pela Facitel.

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