sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
POBRE E SUA RELAÇÃO COM O PODER (por Renato Sá)
A esperança como princípio vital por séculos nos conduz por um caminho de busca pela liberdade, de busca por sonhos, de busca por uma ambiência que só encontramos nos campos mais profundos de nossa imaginação. Aprendemos a vida inteira que somos seres inferiores, que para exercermos os grandes cargos desse país, deveríamos nascer em berço de ouro, pertencer a uma família rica, que deveríamos agregar uma infinidade de diplomas, que deveríamos nos submeter a um sistema corrupto, maior que a própria quem sabe até do que força divina, e que “nós”, meros mortais, nunca faríamos a diferença caso decidisse agir de outra forma.
Aprendemos que o ponto de vista de quem vive nos andares de baixo do nosso país, era só de submissão, de sujeitos passivos, e que o comportamento mais apropriado era de um cidadão de segunda classe, sem capacidade, sem conhecimento, desprovido de auto-estima. O que retrata com perfeição a nossa sociedade, ou seja, extremamente capitalista e que só privilegia a elite.
Foi assim mesmo que a sociologia ensinou, que a escola ensinou, que a nossa família ensinou, foi assim que aprendemos a vida inteira, até que um dia, assistindo um pronunciamento do ex-presidente Lula citando um poema de Vinícius de Moraes - UM OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO - , vislumbrei um horizonte novo, constatei que todo operário também poderia dizer não, e, quando ele disse não, a lógica perversa que estava montada em sua vida caiu por terra, o sistema perverso que estava dominando este país e que dependia de seu apoio, se desestruturou, assim formou-se um contexto novo, um contexto em que o poder não era exercido só por uma parcela da sociedade, mais pela sociedade.
Reflexo disso assim quando elevamos um metalúrgico para presidente que representava 80% dos excluídos de nosso país, do mesmo jeito quanto a maioria negra da África do Sul, elegeu um negro que representava 26 milhões de pessoas, que eram dominadas por 6 milhões de brancos, quando elegeram Madelela para presidente da república daquele país.
Por isso, estou otimista, o povo lá no fundo começa a enxergar seu valor, o seu potencial, que o verdadeiro caminho para o verdadeiro progresso, só ocorre pelas mãos de quem conhece seu povo, de quem conhece sua realidade, e de quem realmente sonha com uma sociedade mais justa, menos desigual, com oportunidades cada vez mais presentes na realidade da coletividade e que dispunha de coragem para tanto.
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