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sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

DIDÁTICA ALÉM DA QUESTÃO CONCEITUAL*

        
A Didática transcende a ideia de ensino, portanto, não pode ser vista superficialmente como a arte de ensinar, há uma implicância entrelinhas que atinge o desenvolvimento do aluno e ensinar perderá a importância se o mesmo aluno não atingir um saber pleno. Assim sendo, ensinar e aprender são conceitos que devem andar conjuntamente na conjectura da docência. Se o aluno não aprende aquilo que o professor ensina, há de se considerar uma perda de conexão com o objetivo didático final, qual seja, educar plenamente o aluno e a quebra desse elo pode está associado ao aluno ou ao professor ou ainda a ambos, servindo como base para modificar ou ainda aperfeiçoar a técnica, isto é, a sua aplicabilidade didática.


 As Tendências Pedagógicas Progressistas, muito contribuíram na modificação da relação entre professor, aluno e conhecimento. A inversão da centralização, que passou do professor para o aluno, permitiu que o aluno pudesse expor suas próprias ideias baseadas na realidade sua ou conhecimento de mundo que ele possuía. Essa nova forma de encarar a prática educacional, modificou a forma como o conhecimento era exposto em sala de aula, de mero transmissor, o professor passou a ser um mediador do saber em relação a seu aluno, este por sua vez, abandona a forma de receptor de conteúdo bem como sua passividade diante dos mesmos e o conteúdo é analisado de forma histórica, passível de mudança.

        Nessa conjectura, aprender não é mais apenas decorar datas e nomes de ditos heróis, mas analisar, e compreender as circunstâncias em que os fatos ocorrem bem como suas consequências. Nas palavras de Libâneo, aprender é um ato de conhecimento da realidade concreta, isto é, da situação real vivida pelo educando e só tem sentido se resulta de uma aproximação crítica dessa realidade.  Portanto, a criticidade ganha papel importante na condução do ensino-aprendizagem e o aluno vê-se como transformador da própria realidade e a escola deixará seu papel reprodutor da sociedade e desempenhará o papel de preparação do aluno para o mundo adulto e suas contradições, fornecendo-lhe um instrumental, por meio da aquisição de conteúdos e da socialização, para uma participação organizada e ativa na democratização da sociedade.


*Por: Nilsomar Morais

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A ABOLIÇÃO DO TRÁFICO. A ESCRAVIDÃO CAMINHA PARA O FIM NO BRASIL*

O Sistema Servil na sociedade brasileira ganhava cada vez mais críticos. Após a Independência, o sentimento pelo fim da escravidão aumentara e sua consumação parecia algo bem mais próximo da realidade. Embora a população escrava fosse maior do que a livre, ela não foi determinante para por fim ao Sistema Servil. Todavia, não pode ser considerada passiva ante os acontecimentos que colocavam em pauta o futuro de cada um.

Isto pode ser observado facilmente na Bahia, onde houve o maior número de revoltas e agitações, que buscavam o fim da escravidão. Um dos fatores que justifica a não participação negra ativamente, é o fato de a população escrava não formar uma classe política homogênea, visto que, propositalmente, misturavam-se negros de vários lugares da África a fim de impedir uma rebelião, algo que era bastante temido pela população branca.

Esse temor não era apenas fantasia já que ocorrera exatamente assim em São Domingos, em que a população escrava rebelou-se, tornando-se a protagonista principal no processo de libertação. Com uma massa cativa superior, havia um ambiente fértil no Brasil para suceder o mesmo.

A nação recém-independente não podia se macular com tal sistema e isto era reconhecido inclusive por nomes influentes da política local, como José Bonifácio, patrono da Independência. Para ele, o Brasil jamais seria uma nação homogênea e respeitada internacionalmente se continuasse com a mão de obra escrava como parte de sua estrutura.

Outro fator que corroborou para o enfraquecimento de tal sistema foi tráfico africano. Embora usassem de artimanhas como não separar pais e filhos, marido e mulher, as circunstâncias em que viviam os negros dificultavam sua multiplicação e isto não impedirá os efeitos da abolição do tráfico, ocorrida em 1850.

Enquanto a escravidão brasileira estava longe dos olhos da Europa e fora de seus interesses, o tráfico africano dizia respeito a inúmeros países, que discutiam sua legalidade e legitimidade. Como o tráfico e a escravidão estavam indissociavelmente ligados, as medidas tomadas por países europeus em relação ao tráfico africano, afetará diretamente o Brasil.

Para por fim ao comércio de negros, entre em cena aquela que fora a maior fornecedora de negros as colônias americanas, a Inglaterra. Obstinada em eliminar a importação de africanos cativos, a Inglaterra sanciona inúmeras leis e assina outros tratados objetivando o fim da escravidão para atender seus interesses.

O Império brasileiro precisava ser reconhecido internacionalmente e o reconhecimento vindo justamente da Inglaterra render-lhe-ia atributos que não poderiam ser descartados. Envolvida diretamente no processo que levou Pedro I a se tornar imperador, a Rainha dos Mares cobrará seu preço e isto se fará em 1827, quando será considerado pirataria o tráfico negreiro em território brasileiro, sendo punido como tal.

Com os resultados nada animadores, a Inglaterra obtém uma cláusula que lhe permite vistoriar navios em alto mar suspeitos de tráfico negreiro, isto, contudo, permite aos traficantes buscar mecanismos para driblar a fiscalização, como jogar ao mar toda a carga que lhe incriminaria. Na sua caçada interminável, os ingleses agora não consideram apenas os negros encontrados nos navios, mas elementos que mostram indícios de transporte de cativos, como ferros que eram usados na amarração.

 Cessada a concessão de vistoriar em alto mar os navios suspeitos, a Inglaterra agora vale-se de todo seu poder  e, arbitrariamente, passa a inspecionar todos os navios suspeitos mesmo sob protesto do governo brasileiro e sem concessão diplomática para tal. Onde quer que estivesse um navio traficante, lá ia a marinha inglesa interceptá-lo e colocar seus comandantes sob julgamento do Almirantado.

Tal perseguição sem trégua alastrou-se durante anos enfraquecendo definitivamente o sistema servil brasileiro bem como toda sua estrutura econômica que estava intimamente associada à mão de obra escrava. Isso mudará definitivamente o cenário econômico nacional que, entre crises e recuperações, há de se industrializar timidamente ao longo dos anos. 


* Por Nilsomar Morais. Graduado em História.